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04/10/2022

Advogado conta emoção de ser os olhos de corredor cego

 

Postagem do dia 23 de outubro de 2019, no antigo Blog Vollenz

 

Uma das coisas mais fascinantes na corrida é conhecer as histórias de vida dos atletas. O advogado Thiago Soares Calhau viu nesse esporte não apenas uma forma de alcançar suas próprias metas, mas também de promover a inclusão social.


“Minha dedicação à corrida de rua tem uma íntima ligação com meu primeiro treino como guia de deficiente visual. Até abril de 2018, eu treinava de forma bem esporádica, cerca de uma vez por semana, até que tive a minha primeira experiência como guia, que acabou transformando a minha vida.


Foi em um sábado, quando eu estava correndo no calçadão de Camburi e vi uma pessoa, aparentemente cega, parada em frente ao quiosque K1, segurando em uma mão a bengala retrátil e na outra, a “guia”. Na hora imaginei que ele estivesse esperando alguém que havia combinado de treinar. Fui até o píer de Iemanjá e, na volta, parei em frente a ele para conversar com um colega.


Quando terminou a conversa, ele me abordou e pediu auxílio para correr pois era cego e seu guia havia ido para uma competição e não tinha com quem treinar. Na hora me sensibilizei com aquela situação e aceitei o desafio de correr a primeira vez como guia. Ele me deu algumas dicas e começamos o treino. Corri cerca de 2 km e quase morri de cansaço. Aquele dia transformou minha vida.


Cheguei em casa muito feliz e contei para minha família a experiência maravilhosa que tive como guia de um atleta com deficiência visual. À noite, eu deitei na cama muito feliz por ter ajudado uma pessoa, mas, na realidade, percebi que foi ele quem me ajudou.


Fiquei pensando naquela experiência e em todas as limitações que ele teria para treinar, mas a força de vontade dele superou todas as dificuldades. Naquele momento, percebi que a única desculpa que tinha para não treinar era a preguiça.


Daí por diante, deixei a preguiça de lado e resolvi mudar minha vida. Comecei a treinar regularmente, fiz a minha primeira prova de 5km, depois 7km, 10km...  Foi quando percebi que a brincadeira tinha começado a ficar séria e resolvi procurar uma assessoria de corrida para direcionar meu treino para correr a minha primeira Dez Milhas Garoto e uma meia maratona.


Depois de quase um ano de treino, descobri que havia um projeto no Ifes, em Jucutuquara, que trabalhava com paratletas com diversos tipos de limitação. Foi quando resolvi ser voluntário como guia de deficientes visuais. Lá recebi algumas orientações do técnico e fui para a pista com os atletas, que realmente me ensinam como guiar e, de quebra, ainda me deram várias dicas para melhorar minha mecânica da corrida.


Já treinei com 5 atletas diferentes, entre velocistas, fundistas, ultramaratonistas e um que pratica salto em altura e distância. Este último eu fazia somente o aquecimento com ele, cerca de 15 minutos correndo na pista.


Atualmente, estou correndo com apenas um atleta: o João Quebra Guia”.


Thiago exibe com orgulho medalha conquistada ao lado de João na Garoto deste ano. A história é emocionante e serve de estímulo para muitos corredores. Thiago saiu de sua zona de conforto e conquistou na Garoto deste ano uma vitória em dobro, melhorando seu tempo e ajudando João a completar com sucesso a prova.


Como incentivo para quem um dia pensa também em ser guia, Thiago deixa um recado:

“Tenha essa experiência, é extremamente engrandecedora com ser humano. Muda sua forma de ver a vida e como você lida com os seus problemas. A força de vontade e determinação que esses atletas têm é contagiante. Doe um pouco do seu tempo para fazer o bem, pois faz muito bem para alma. Espero que essa história possa servir de incentivo para que outros atletas tenham essa experiência”.